19.2.09


Os céus anunciam o carnaval

Há tanto frevo dentro em mim, em ti, em nós...(Sérgio Roberto)

18.2.09

Um grito no universo

A dor de descascar camadas de mim eleva-me a compreensão de que é preciso uma nudez oca e branca para um enxergar lúcido e aprimorado do que revelo-me. Deixo as unhas sujas do que trago quebrado e mudo, numa tentativa insana de rasgar verdades que se confundem com angústias maiores. Num arrancar de peles eu me ponho no centro do vazio e já sem forças para uma volta com pés, rastejo indignado de fraquezas sujas, que ofuscam o branco apático da minha visão. Meu grito não alcança a leveza do ar. Sai alto deixando na língua todo gosto do que não foi dito. A cada grito seco uma chuva de incertezas sacia a sede da minha incompreensão. Eu estou vivo, minhas mãos tocam as paredes da minha lucidez triste, mas não a sinto. Não alcanço o que tenho medo de alcançar. Sou frágil. Não divido meu medo. Ele é inteiro e tem dentes brancos e firmes capaz de comer a mais dura das carnes. Por mais que eu cuspa essa saliva espessa oriunda de minhas partes mais secretas, eu não vou conseguir me convencer que estou limpo do que mais me apodrece. O que tenho está à margem do que sou. Talvez seja minha última camada. Talvez esteja depois de mim. O que não entendo inquieta minha liberdade vazia. Eu já fingi perguntar , já ensaiei como começar essa limpeza dentro de toda essa franqueza de alma que possuo. Sinto-me só. Invisível dentro do tempo. Tenho muita coisa indizível, presa entre meu estômago e minha garganta. Quando me abraças tenho medo de revelá-la. Covarde. Sou o maior dos covardes. Eu prendo a respiração do meu medo. Quero tirá-lo a liberdade. Meu medo está vivo, eu é que estou morto. Apoio meus braços na janela do universo e cansado deixo o vento tirar meu corpo para dançar. Meus joelhos doem como quem carregam um peso de mim. Mas meus pés deslizam, iguais aos de bailarinas aprendizes. Sou música por segundos de eternidade. Rasguei minha última pele. Estou rasgado em pedaços, mas ainda não encontrei o que quero achar no lado secreto vivo em mim. (Sérgio Roberto)

15.2.09

"A literatura, como toda arte, é uma confissão de que a vida não basta" (Fernando Pessoa)
"Quem vai virar o jogo e transformar a perda em nossa recompensa? Quando eu olhar pra o lado só quero estar cercado de quem me interessa..." (Lenine)

14.2.09

"O amor é sede, depois de se ter bem bebido."
Antes de fechar a porta
Olhei para trás
E disse:
Suas palavras nunca foram inteiras. (Sérgio Roberto)
"Existem manhãs em que abrimos a janela e temos a impressão de que o dia nos está esperando".
O céu é cinza
mas sei de cor as cores
do arco-íris vindouro.(Fabio Rocha)

14 de Fevereiro

Estar no teatro é dilatar emoções. Intenso. Estou exausto mas feliz como há tempo não me sentia. Começei hoje a desnudar meus pudores. (Sérgio Roberto)

13.2.09

Seus olhos são sexo para os meus. Só de olhá-los eu te tenho no melhor dos gozos. (Sérgio Roberto)
"Olha para mim e me ama. Não: tu olhas para ti e te amas. É o que está certo." (Maravilhosa Lispector)
De todas as humanidades, a mais bela é a felicidade. Ela amplia sorrisos, estica rugas e pinta os olhos. (Sérgio Roberto)
"Quando só restam palavras, nenhuma palavra é demais"
Às vezes o céu é uma tela de cinema. É meu filme mais colorido. (Sérgio Roberto)
"A poesia é para a sensibilidade"
Não ter alguém para entrelaçar dedos e fazer cócegas é meio como não ter para aonde ir no fim de uma tarde. (Sérgio Roberto)
"Lembra se puder se não der esqueça. De algum jeito vai passar."

8.2.09

Amor

"Eu quero amor feinho." (Adélia Prado)

"Mas escrevo também coisas inexplicáveis:quero ser feliz, isto é amarelo.
E não consigo, isto é dor." (Adélia Prado)

"Não me falou em amor. Essa palavra de luxo." (Adélia Prado)
Mas quando eu estou plenamente desorientado, oco na margem de um círculo vazio, branco e preso em pensamentos, eu abro todas as portas da minha imaginação e caio em abismos de mim. (Sérgio Roberto)

Perto do coração selvagem

[...]-O que é que se consegue quando se fica feliz? sua voz era uma seta clara e fina. A professora olhou para Joana.
-Repita a pergunta...?
Silêncio. A professora sorriu arrumando os livros.
-Pergunte de novo, Joana, eu é que não ouvi.
-Queria saber: depois que se é feliz o que acontece? O que vem depois? - repetiu a menina com obstinação.
A mulher encarava-a surpresa.
-Que idéia (ainda com acento)! Acho que não sei o que você quer dizer, que idéia! Faça a mesma pergunta com outras palavras...
-Ser feliz é para se consguir o quê? [...] (Clarice Lispector)
"A retórica é chata." (Adélia Prado)

7.2.09

Amarelo amor


Areia não separa amizade

Nem as estradas, nem o mar

É um pensamento só

Coberto pelo céu

De crescer sem medida

Perde-se num gostar único

Abandona o tempo, o dia e a casa

Faz-se eterno

Em mim, em ti

Em nós, apenas um sol. (Sérgio Roberto)

Poeta, Poetinha vagabundo

...Vida, quem me dera...
Amor, dura pouco...
Poesia, aí!...(Vinicius de Moraes/ Rio, 1965)

6.2.09

Todo amor que houver nessa vida


"Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia
E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria" (Frejat & Cazuza)

Ser gay não é a questão. É a afirmação.


"...strawberry fields forever..."

5.2.09

De peito aberto


"Tudo em mim quer se revelar..."
"...Sabe o que eu queria agora, ...?
Sair chegar lá fora e encontrar alguém
Que não me dissesse nada
Não me perguntasse nada também
Que me oferecesse um colo ou um ombro
Onde eu desaguasse todo desengano..."

Homenagem ao maravilhoso Alberto da Cunha Melo

RELÓGIO DE PONTO

Tudo que levamos a sério
torna-se amargo.
Assim os jogos,a poesia, todos os pássaros,
mais do que tudo: todo o amor.

De quando em quando faltaremos
a algum compromisso na Terra,
e atravessaremos os córregos
cheios de areia, após as chuvas.

Se alguma súbita alegria
retardar o nosso regresso,
um inesperado companheiro
marcará o nosso cartão.

Tudo que levamos a sério
torna-se amargo.
Assim as faixasda vitória,
a própria vitória,
mais do que tudo: o próprio Céu.

De quando em quando faltaremos
a algum compromisso na Terra,
e lavaremos as pupilas
cegas com o verniz das estrelas. (Alberto da Cunha Melo)

4.2.09

"E naqueles segundos em que teus olhos invadiram os meus, eu cheguei a pensar que tudo era deliciosamente eterno. " (Sérgio Roberto)
Eu mastigo solidão todos os dias. Difícil é digerí-la. (Sérgio Roberto)
"Amo firme, fiel e verdadeiramente."
...no início o horizonte se revela distante, mas ele sempre esteve alí, na nossa fronte...(Sérgio Roberto)
"Ter amigo é a melhor cumplicidade."

* Homenagem no dia do aniversário do meu Arroz. Amo-te em azul...