24.4.08

Asas

Buscar nas coisas fugidias um propósito envolve decepção. A mesma lâmina que nos corta quando temos o amor próprio ferido se faz presente na circunstância do fato angústia. Trabalhar o processo no tempo dos outros é inviável, o tempo é seu, pelo menos no instante maior da dor.Enxergar e aceitar que o mecanismo se dar apenas em você, num instante que parece ser para dois, já nos remete a idéia de um passo à frente.A verdade é ingrata na medida que não alivia em você nada. A área aberta em algum lugar da pele da vaidade não vai ser costurada por mãos amigas. A experiência desconhecida é que se revela nessa cena de final perturbador. Esvaziar a alma antes de pedir licença ao sair do foco, não é o melhor ungüento para a ferida aberta.Talvez algum boticário da esquina explique-nos cientificamente o que os textos da vida não nos respondem nas entrelinhas a respeito de curas na alma.Eu queria criar asas não para fugir em decorrência do meu medo avassalador de reconhecer que sou só.Queria ter asas para sentir a leveza de voar sobre o mundo que de lá debaixo nos espia com ar de superioridade e que nos faz sentir quase o tempo todo que esse processo de buscar pela felicidade é em vão.

Um comentário:

Sérgio Azevedo disse...

Essa semana aprendi um pouco sobre Resignação querido.
Desde que tive que desistir de prestar o mestrado na USP, desde que vi em minha orientadora, não a amiga que acreditava em meus projetos, mas aquela que cobra prazos e não percebeu que eu precisava de um estímulo diante de infortúnios.
Meu futuro fica cada vez mais incerto na minha frente, tenho medo que esse incerto me leva pro futuro a sós. Mas não posso parar. Não há unguento curativo, não há sequer um divino a zelar pela ordem do dia.
Mas há a resignação, que não tem sentido algum, mas é a única escolha que tem condições de mudar as perspectivas e até fazê-las vingar. Engraçado não?
Abraços afetuosos!