29.5.08

27.5.08

Horizonte distante

C
A
N
S
A
D
O

CAÍ NO TEU COLO E ESQUECI O HORIZONTE D-I-S-T-A-N-T-E (Sérgio Roberto)
"Vamos ficar assim, juntinhos,olhando e bebendo todo o azul do mar". (Sérgio Roberto)

Sem rótulos, por favor.

- O cardápio por gentileza.
- Fique à vontade.

Hemisfério Sul R$ 50,00
America Latina R$ 45,00
Terceiro Mundo R$ 30,00
Subdesenvolvido R$ 25,00
Brasileiro R$ 20,00
Nordestino R$ 15,00
Classe Média Baixa R$ 10,00
Homossexual R$ 5,00
Desempregado (Por conta da casa)

- Será preciso tantos rótulos, garçom?
- Você pode me trazer a conta?!
- Sem rótulos, por favor.
- Nada como um self-service (Sérgio Roberto)

25.5.08

Pro dia nascer feliz

Todo dia a insônia me convence que o céu faz tudo ficar infinito
E que a solidão é pretensão de quem fica, escondido fazendo fita...
Estamos meu bem por um triz, pro dia nascer feliz
O dia nascer feliz
O mundo inteiro acordar e a gente dormir
Essa é a vida que eu quis...(Cazuza)

A arte de semear estrelas

Em noites estreladas, na ermida em que se refugia para se deixar enamorar das palavras, H. se debruça na janela da alma. Grávido de verbos, espalha os olhos pelas alamedas siderais e pressente o sagrado. Entrega-se a sedução da Palavra. É um sentimento de pertença que transcende todos os limites. A noite escura se lhe faz incandescente. A centelha arde em seu coração e transfigura-lhe o olhar.
Deus irrompe delicadamente. Aquece as entranhas de H. e, atrevido, disfarça-se no espaço cósmico com a Cabeleira de Berenice, faz-se criança escorregando nos anéis de Saturno, monta na garupa do cavalo de São Jorge quando a Lua mingua cheia de pudor frente aos encantos do Sol.
H. cultiva em sua ermida vasto canteiro de palavras. Cuida atento das mudas para que um dia se tornem vozes. Delicia-se em plantá-las, regá-las, vê-las brotar. Aduba a horta de substantivos e poda, todo mês, a de adjetivos. À sombra das copas dos verbos, seleciona os pronomes e enxerta vogais nos caules das consoantes. Colhe as palavras quando maduras, prenhes de significados. Verdes, arrancadas antes do tempo, elas são ácidas, inconsistentes.
Debruçado na janela da alma, olhos derramados nos abismos do Universo, as palavras se calam em H. Dilatam-se os buracos negros e ali dentro, uma a uma, as partículas elementares fulguram como grãos de ouro. Ele é capaz de distinguir a urdidura dos fótons que tecem a luz. Observa o trio de quarks em vertiginosa carreira em busca de seus ninhos energéticos. Tudo resplandece em mutações incessantes. Seu olhar comtempla o corpo luminescente da Via Láctea. Súbito, é arrebatado à dança das estrelas, cujos planetas gravitam ao ritmo gracioso de meninas brincando de roda.
Ao retornar a si, H. é todo coração. Um cordão de galáxias cobre-lhe o plexo solar. Nele o Cosmo lateja. E dentro de seu silêncio brota a Palavra que imprime significância a todos os vocábulos. (Frei Betto)

Diálogos raros


Bia: Eu nunca fui alvo do amor de ninguém.
Lúcia e Ivan: A gente te ama.
Bia: - Ah, mas não estou falando de amizade.
Bia: Falo é de amor. É diferente. Amor homem-mulher, entende? Nunca fui alvo de um amor assim.
Lúcia: Quem foi que te disse que não?
Ivan: A gente nunca sabe.
Bia: Ah, eu não seria tão distraída.
Lúcia: A gente é muito distraído pra tudo que tá fora de contexto. (Diálogo da minissérie Queridos Amigos)


Ps.: Não pude resistir e tirei de um Blog delicioso de ler.

23.5.08

Sobre as estrelas


Saindo do armário

Fenômeno recente, a literatura explicitamente gay se impôs nas três últimas décadas, dentro do contexto de liberação sexual.

por Moacyr Scliar

"To get out of the closet, sair do armário, é uma expressão muito usada para designar a atitude de homossexuais que assumem sua orientação. Esse processo, porém, nunca foi fácil. A homossexualidade é reconhecida há milênios, mencionada na Bíblia e em textos da Antigüidade clássica; mas, apesar da tolerância grega em relação a ela, de maneira geral tratava-se de transgressão e dificilmente poderia ser abordada em texto, a não ser de forma críptica, camuflada, como acontece em sonetos de Shakespeare. A literatura explicitamente gay é, portanto, relativamente recente. A rigor, só há cerca de três décadas o gênero se impôs dentro do quadro de liberação sexual que permitiu a muitas pessoas abordar o tema na ficção, na poesia, no ensaio. Os autores atuais dão prosseguimento à obra daqueles que, homossexuais ou não, falaram corajosamente do “amor que não ousa dizer seu nome”.
A editora americana Triangle, especializada em literatura gay, pediu a um grupo de intelectuais e autores uma lista das 100 melhores obras no gênero. Mesmo com absoluta e previsível preponderância de americanos, obteve uma lista notável: começando com Morte em Veneza, de Thomas Mann, passando por Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, e chegando a O beijo da mulher-aranha, do argentino (que viveu no Brasil) Manuel Puig, autores importantíssimos são citados: James Baldwin, Jean Genet, André Gide, Virginia Woolf, E. M. Forster, Gore Vidal, Marguerite Yourcenar, Evelyn Waugh, Gertrude Stein, Truman Capote, Christopher Isherwood, Colette, Henry James, Lezama Lima. A essa relação poderíamos acrescentar os nomes de Lord Byron, Walt Whitman, Allen Ginsberg, García Lorca, Oscar Wilde, Arthur Rimbaud e Tennessee Williams.
No Brasil são listados, entre os escritores homossexuais, João do Rio (cuja sexualidade foi objeto de muitas disputas), Pedro Nava, Caio Fernando Abreu, Walmyr Ayala. Há pelo menos um clássico de nossa literatura que aborda o tema da homossexualidade: é O bom crioulo (1895), de Adolfo Caminha, escritor que faleceu muito jovem, e autor de uma sombria obra, na qual o romance mencionado não constitui exceção. Dentro do espírito da época, é um texto naturalista que narra a ligação entre o negro Amaro, escravo fugido que se torna marinheiro, e o grumete Aleixo, que trabalha na mesma embarcação. O livro é, portanto, duplamente “transgressor”: amor entre homens, amor entre um negro e um branco. Amaro, que tem 30 anos, domina Aleixo, que, com seus 15, ainda é quase um menino. Caminha introduz ainda uma prostituta, Carolina, que, seduzindo Aleixo, cria um inusitado triângulo amoroso, que termina em tragédia quando Amaro mata Aleixo e é preso. Publicado no Reino Unido, na Alemanha, na França, no México, em Portugal, o livro teve grande repercussão.
Mesmo obtendo êxito, contudo, os autores homossexuais passaram por situações difíceis. Na Cuba de Fidel Castro eram mal-vistos e isso originou um incidente lendário com o poeta Virgilio Piñera que, em certa ocasião, teria se embrenhado com um rapazinho num milharal. Avisada, a polícia cercou o local e surpreendeu os dois em flagrante. O policial que comandava a operação perguntou a Piñera o que ele estava fazendo. “É uma espécie de reforma agrária”, respondeu o trêmulo poeta. Dentro da abertura cubana, isso possivelmente não acontecerá mais. E como Fidel nos garantiu que os milharais cubanos não serão transformados em biocombustível, podemos esperar progressos reais."
"Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir os nãos que a vida te enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar café e continuar." (Caio Fernando Abreu)
"Fico vivendo uma vida toda pra dentro, lendo, escrevendo, ouvindo música o tempo todo." (Caio Fernando Abreu)
...If you see these tears fill in my eyes
It's just the wind that makes me cry
If you could feel this pain inside
It's from the drinks we drank last night
It's from the drinks we drank last night... (The drinks we drank last night / Azure Ray)

22.5.08

A pele da alma

"Assim como os ossos, a carne, as entranhas e os vasos sangüíneos são envolvidos por uma pele que torna a visão do homem suportável, também as emoções e paixões da alma são revestidas de vaidade: ela é a pele da alma." (Friedrich Nietzsche)
E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu vejo
O mesmo que você...(Renato Russo)
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?
Vamos Fazer um filme?
Eu te amo (Renato Russo)

Aprendizado

Do mesmo modo que te abriste à alegria
abre-te agora ao sofrimento
que é fruto dela
e seu avesso ardente.

Do mesmo modo
que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda
deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras
nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão

Que a vida só consome
o que a alimenta. (Ferreira Gullar)

21.5.08

"Vou fazer o caminho de volta. Não gosto do voltar. Mas é o que me cabe. Voltar e recomeçar. Ou melhor começar. Tudo de novo. A volta é sempre mais cansativa e não admite prerrogativas." (Sérgio Roberto)

A lágrima

O que compõe uma lágrima? Sal, vivências e uma pitada de alívio.(Sérgio Roberto)

Para cantar no banheiro

Seja eu
Seja eu
Deixa que eu seja eu
E aceita
O que seja seu
Então deita e aceita eu...
Molha eu
Seca eu
Deixa que eu seja o céu
E receba
O que seja seu
Anoiteça e amanheça eu...
Beija eu
Beija eu
Beija eu, me beija
Deixa
O que seja ser...
Então beba e receba
Meu corpo no seu
Corpo eu, no meu corpo
Deixa.Eu me deixo
Anoiteça e amanheça...
Seja eu.Seja eu.
Deixa que eu seja eu
E aceita
O que seja seu
Então deita e aceita eu...
Molha eu.Seca eu.
Deixa que eu seja o céu
E receba
O que seja seu
Anoiteça e amanheça eu...
Aaaaah! ah ah ah ah! ah!Ah! ah ah ah!Ah! ah ah ah!Ah ah ah!...
Beija eu.
Beija eu
Beija eu, me beija
Deixa
O que seja ser...
Então beba e receba
Meu corpo no seu
Corpo eu, no meu corpo
Deixa.
Eu me deixo
Anoiteça e amanheça...
Aaaah! Aaaaah!Oh oh oh oh oh oh!Oh oh oh oh oh oh!Aaaah! AaaaahOh oh oh oh oh oh!Oh oh oh oh oh oh!Aaaah! AaaaahOh oh oh oh oh oh!...(Marisa maravilhosa Monte)

* Tente fazer as onomatopéias também...risos

20.5.08

Questão de senso


"Quando o casamento parecia a caminho de se tornar obsoleto, substituído pela coabitação sem nenhum significado maior, chegam os gays para acabar com essa pouca-vergonha." (Luís Fernando Veríssimo)
"Tem coisa mais autodestrutiva que insistir sem fé nenhuma?" (Caio Fernando Abreu)

Tudo & Todos

Tenho sido acometido de uma descrença generalizada sobre tudo e todos. Logo eu, que insistia tanto na premissa de que é preciso acreditar sempre, em qualquer coisa,desde que lhe traga algum significado.Essa incredulidade não é gratuita. Foi construída no dia a dia mesmo. Na vivência das experiências, na rotina maçante dos dias e principalmente na convivência com pessoas. E tem me assustado descobrir que o "tudo" depende do "todos". Onde estão os diálogos gostosos, inteligentes, interessantes? Onde estão os valores que se foram e não foram repostos? Por onde andam as pessoas frágeis, e não confundam com fracas, o sinônimo aqui seria humanas, sensíveis e com atitudes receptivas. Hoje todo mundo veste roupas de super herói. Onde compram essas roupas? Nem quero saber. Já não sentimos mais muitas coisas. Andamos anestesiados, incrédulos e irônicos. Os avanços são significativos em diversas áreas, exceto , ao meu ver, nas das relações pessoais. Estamos retrocedendo significativamente. Entre nessa dança ou saia da roda. Prefiro dançar lá do lado de fora.
Não, não queria está sentindo isso, mas é fato. E contra fatos não há argumentos. Sinto-me distante, incomodado e decepcionado. E nessa coisa de amizade, amor e companheirismo sou exigente. Sou chato. Não quero qualquer coisa. Eu entendo tudo como se fosse um trem e a gente embarcasse no primeiro vagão-amizade e durante a viagem fossemos percorrendo os outros vagões até chegar na estação final. Com certeza, muitos saltam do trem antes da hora, muitos. O trem chega quase vazio. Eu disse quase, e é nesse quase que tenho me segurado noites e dias.
É uma questão de tocar, de olhar, de saborear, ouvir e retribuir descompromissadamente. Saber usar os sentidos é o que nos falta. E por ser simples torna-se difícil. Mas eu encontro, e aqui deposito minha pouca fé, nesse encontrar. Eu ainda encontro o privilégio de acreditar, sem ingenuidade e utopia, que tudo e todos hão de melhorar. E que não seja só uma questão de acreditar, mas também de enxergar. (Sérgio Roberto)
"Há todo tipo de gente e é exatamente esse todo tipo que me apavora" (Sérgio Roberto)

"O tempo é o melhor autor. Sempre encontra um final perfeito."(Charles Chaplin)
"Chamem-me do que quiserem, exceto de covarde. Eu tentei. Eu sempre tentei. Mas tentar nem sempre é suficiente." (Sérgio Roberto)
"Nós temos tudo perto da gente, mas a maioria das pupilas estão dilatadas demais para enxergar" (Sérgio Roberto)
"Ser gay, nesse mundo feio, me basta" (Sérgio Roberto)
"E pensar que entre o silêncio da respiração e o dormir da alma existe um mar salgado beijando um rio doce, colorindo o que não tinha cor"(sérgio roberto)
"A melhor maneira de fazer amizade com a sua cozinha, é sujando suas panelas". (Sérgio Roberto)

19.5.08

Just for fun


"Essa coisa da moral, passa despercebida atualmente. Difícil é encontrá-la na rua, num ônibus, num elevador."(Sérgio Roberto)
"Só o rosto é indecente. Do pescoço para baixo, podia-se andar nu." (Nelson Rodrigues)
"Por que nossos dias são numerados e não, digamos, letrados?" ( Woody Allen )
"O problema é que quero muitas coisas simples, então pareço exigente." (Fernanda Young)
"O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraiso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não doi. "(Cazuza)
"É melhor mesmo continuar escrevendo essas frases curtas, que assim amontoadas,dão um ar de coisa, coisa pensada,e nem é, sabe? nem é importante..." (Fernanda Young)
"Tudo é tão simples que cabe num cartão postal..." (Cazuza)
"Nunca tive medo de me mostrar. Você pode ficar escondido em casa, protegido pelas paredes. Mas você tá vivo, e essa vida é pra se mostrar. Esse é o meu espetáculo. Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho." (Cazuza)
"Cantando agente inventa.Inventa um romance, uma saudade, uma mentira... Cantando a gente faz história. Foi gritando que eu aprendi a cantar:sem nenhum pudor, sem pecado. Canto pra espantar os demônios, pra juntar os amigos. Pra sentir o mundo, pra seduzir a vida." (Cazuza)

Pernambuquês - Letra A

Abilolado - Bobo, tolo
Abusar - Perturbar, passar dos limites
Acochado - Destemido, valente
Afolozado - Folgado
Aluado - Meio louco
dento – O mesmo que “vai te lascar”, “Vai te foder
Amostrado - Exibido
Amundiçado - Mal-educado
Aperriado - Aflito
Amasso - Sarro
Arranca-rabo - Briga séria
Azuado - Desorientado
Avacalhar - Esculhambar
Atanazar - Deixar alguém irritado
Arrombado - Em situação difícil
Arriado - Apaixonado
Arenga - Briga
Arrudiar - Dar a volta pelo lado de fora
Azucrinar - Aborrecer
Arretado - De boa qualidade, excelente
Assanhado - Atrevido
"Mentiras sinceras me interessam" (Cazuza Maravilhoso)

18.5.08

"Hoje me senti perdido" (Caio Fernando Abreu)

e eu completo: perdido, ridículo e vazio.
"Porque as cidades, como as pessoas ocasionais e os apartamentos alugados, foram feitas para serem abandonadas" (Caio Fernando Abreu)

Acaso-eu-caso


Michel casou ontem

Julinha já está casada e não sabe

Paulinha casou mês passado

E eu? Bom, eu casei com o acaso.

Parede de dois lados

Eram separados por uma parede, de um lado a parede era azul, do outro era branca. Moravam no quarto andar, um do lado do outro, separados por essa parede de duas cores.
Do lado de cá, tinha uma televisão e um tapete laranja no chão, do lado de lá, tinha uma estante com cds e livros e um sonzinho. Nunca se encontraram. Quando um descia de elevador, o outro subia de escada. Às vezes um ficava na varanda sentado, fumando, e o outro ficava na rede cantando. De um lado músicas de Rita Lee, do outro silêncio, cheiro de café e mais nada. Um fazia companhia ao outro. Cada um do seu lado. Assim passou mais um ano, chegou o verão. E assim se fez o acaso. O elevador quebrado, fez o encontro marcado.Desceram juntos os quatro andares de escada. Calados. Chegaram na rua, um céu azul, barulho, carros. Olharam um para o outro, sorriram e seguiram. Cada um para um lado. Todo caminho tem dois lados. (Sérgio Roberto)
"Havia um espaço vazio entre o que ele conhecia e aquilo em que tentava acreditar. Mas nada podia ser feito, pois se não tem jeito, deve-se aguentar" (Annie Proulx - Brokeback Mountain)

E se for?


"And time goes by, so slowly
And time can do so much..." (Unchained melody - Elvis)

17.5.08

Sweet drop

Imaginary love
No choice
Sweet drop
Downtown in the morning
Dry hands and bodies
Impossible love
Blind moment
Red blood
Yellow storm
Mythical love
Blue Stream
Falling slowly at the corner
Walking alone through the crop (Sérgio Roberto)
"A maior dor do vento é não ser colorido." (Mario Quintana)

16.5.08

15.5.08

Sétimo andar

(Sérgio Roberto)
e a resposta volte invisível,tácita,inequívoca,entrelaçada ao som frio (7)
na esperança íntima de que o eco chegará a algum ouvido (6)
até chegar no alto e dar um grito contido (5)
esses degraus sujos e ambíguos (4)
subindo, sem conformismo (3)
você vai (2)
e (1)
"Meus erros são infinitamente mais numerosos do que meus acertos, mas isso só me estimula a tentar acertar mais e mais"(Sérgio Roberto)
"Que vontade mais ingênua essa de querer enganar a dor com poemas" (Sérgio Roberto)

Nada pára

Quero sentir na pele toda a profundidade do que venho passando. Nada tem sido mais doloroso e exaustivo.Nada. Amanhã, depois, num dia qualquer, quero ter a experiência do hoje. Das noites absurdamente desconsertantes. Do medo que tantas vezes dilatou minha pupila e machucou meu peito contraindo-o pela certeza seca da razão. Quero ter a certeza de ter aprendido algo relevante, de ter superado limites físicos e psíquicos. De ter encarado tudo sem banalidades e reclamações. Quero a serenidade para enxergar o processo como um todo, do início ao fim.Querer tudo isso, é o mínimo, diante do tamanho do meu desespero ingênuo de achar que os fatos são sempre definitivos e imutáveis.
Tenho conhecido outro homem em mim. Mais maduro, mais sincero e principalmente mais honesto consigo mesmo. Qualidades essas que julgo essênciais para o alicerce do homem. Ao longo dos anos percorri meu tempo, numa corrida frenética contra a minha sexualidade e contra minha angústia constante de ser só. Isso não me trouxe respostas palpáveis nem significativas para minhas incertezas e para meus medos interiores. A vida não é justa, as pessoas não são justas e eu sou frágil. Mais do que eu poderia imaginar. Tenho caído constantemente e levantado com dificuldade de cada queda. Estou aprendendo a aceitar o ser só sem me desesperar. Estou distante dos que me amam por ter acreditado no meu próprio amor. Irônico, estúpido e cansativo caminho seco, sobre você meus pés pisam e passam. Seguem inquietos, calejados no afã de algo encontrar.
No fundo, não quero ser leviano em afirmar que todas as relações pelas quais passei, me deixaram a nítida certeza de que foram absurdamente frívolas. Seria doloroso e frio vê-las assim, por esse prisma. Só que ao questioná-las não consegui chegar a outra conclusão mais sólida. E como é ruim constatar a veracidade dos fatos com tanto discernimento. As lúcidas vontades permeiam as horas , os minutos e os segundos do meu dia. Ninguém vai se aproximar do frágil, do machucado, do sensível. É a velha história que todos nós conhecemos. Manter-se longe, assim não correremos riscos. Como é tolo, o pensamento dos que se encontram protegidos.
Tempo, tempo, tempo amigo. Em você tudo acontece, toma forme e existe. Nada pára. Tudo se propaga. Demora, mas não falha. (Sérgio Roberto)
"É preciso ser adulto, deixar de ser criança. É preciso, mas dói, incomoda, assusta e exige tempo. Um bom tempo.Uns conseguem, outos permanecem.É difícil ser adulto, porém é mais fácil, bem mais fácil, ser um adulto-criança"(Sérgio Roberto)

11.5.08

Saudade de você, Recife




Recife traçado

Com as linhas do meu corpo...

Com o líquido do meu corpo...

Com o suor do meu rosto...




Recife sem porta

Recife com porto...




Com seus rios vivos,

Às vezes mortos.

Com seus rumos tortos...




Somos unidos como xifópagos

Jamais um viverá sem o outro...




Recife de rumo certo...

E eu de rumo torto...(Sílvio Hansen)
"Abre a porta e a janela e vem vê o sol nascer"...
"Sonho é uma coisa que guardo dentro do meu travesseiro". (Teatro Mágico)

Até você chegar

Fico aqui, entre um balanço e outro da rede, a pensar:
que vontade de comer acerola do pé,
chupar picolé,
plantar bananeira,
sentar embaixo de uma amendoeira
e pensar besteira
até você chegar...(Sérgio Roberto)

10.5.08

"Os homens precisam da ilusão do amor.Os Homens precisam da ilusão de Deus."(Caio Fernando Abreu)

Oscar Wilde afiado

"Posso resistir a tudo, menos à tentação."

"Amar é ultrapassarmo-nos."

"As nossas tragédias são sempre de uma profunda banalidade para os outros."

"A moderação é uma coisa fatal (...). Nada tem mais sucesso do que o excesso."

"A Moral não me ajuda. Sou antagônico nato. Sou uma daquelas pessoas que são feitas para exceções, não para regras.(De Profundis)"

"Por detrás da Alegria e do Riso, pode haver uma natureza vulgar, dura e insensível. Mas, por detrás do Sofrimento, há sempre Sofrimento. Ao contrário do Prazer , a Dor não tem máscara.

"Algumas pessoas preferem ser medíocres. Outras, quando resolvem não ser, correm o risco de perder amigos."

"A instrução é um esforço admirável. Mas as coisas mais importantes da vida não se aprendem, encontram-se."
"Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal." (Oscar Wilde)
"O mundo é um moinho" (Cartola)

9.5.08

Eu gritei
Mas você
Não ouviu
Minha insensatez.(Sérgio Roberto)

Relicário

É uma índia com colar
A tarde linda que não quer se pôr
Dançam as ilhas sobre o mar
Sua cartilha tem o "A" de que cor?
Que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou
E são dois cílios em pleno ar
Atrás do filho vem o pai e o avô
Como um gatilho sem disparar
Você invade mais um lugar onde eu não vou
O que você está fazendo?
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo?
Um relicário imenso desse amor
Corre a lua, porque longe vai?
Sobe o dia tão vertical
O horizonte anuncia com o seu vitral
Que eu trocaria a eternidade por essa noite
Porque está amanhecendo?
Peço o contrário, ver o sol se por
Porque está amanhecendo?
Se não vou beijar seus lábios quando você se for
Quem nesse mundo faz o que há durar
Pura semente, dura o futuro amor
Eu sou a chuva prá você secar
Pelo zunido das suas asas você me falou
O que está você dizendo?
Milhões de frases sem nenhuma cor
O que você está dizendo?
Um relicário imenso deste amor
O que você está dizendo?
O que você está fazendo?
Porque que está fazendo assim?
Está fazendo assim! (Nando Reis)

8.5.08

Pequenas notícias

"Não é que o mundo seja só ruim e triste. É que as pequenas notícias não saem nos grandes jornais. Quando uma pena flutua no ar por oito segundos ou a menina abraça o seu grande amigo, nenhum jornalista escreve a respeito. Só os poetas o fazem". (Rita Apoena)

7.5.08

Like peeling onions

" - Is it difficult keeping yourself so open, yet also vibrant and vulnerable?
- Well, actually, for me, it's almost like peeling onions. [Laughs.]
- You have to take off one skin, then another one, and then another one, to be as clear and transparent as possible." (Juliette Binoche Interviewed by EDNEY SILVESTRE for Milênio/Globonews.)

O choro

Quando a alma chora
É diferente
As lágrimas não têm por onde sair
Ficam presas
Molhando o seco
Formando um mar no vazio da gente
Um mar escuro
Sem vida
Um mar de dor.(Sérgio Roberto)
"I guess when you're young, you just believe there'll be many people with whom you'll connect with. Later in life, you realize it only happens a few times..." (Trecho do filme antes do pôr do sol)

Malva

Pode sentar aqui no banquinho
Há espaço para dois
Chega mais perto
Olha lá o sol sumindo de mansinho
O céu está malva alí naquele cantinho
Vou fechar os olhos e quando tudo estiver escurinho
Fala baixinho no meu ouvido
Fazendo um carinho (Sérgio Roberto)

5.5.08

"Assistindo "Conduzindo Miss Daisy" dois dias atrás me dei conta de como é essencial essa coisa chamada amizade.É urgente."(Sérgio Roberto)

Presente

"Live each season as it passes; breathe the air, drink the drink, taste the fruit, and resign yourself to the influences of each."(Henry David Thoreaue)
"lambeu as lágrimas que escorriam, manchando a língua de tristezas.Quando o vazio é muito grande,as lágrimas são transparentes."(Rita Apoena)

3.5.08

Sede

Ínfimo momento és em ti que encontro-me. Já tentei mexer nas horas inacabadas do meu dia. Também ousei diminuir o passo, correndo como eu estava, não iria chegar ao longe.Como é irônico esse buscar ofegante pelo amor. Sim, o amor.Alguém ainda fala sobre isso? Silêncio. Todas as respostas sobre o amor se fazem em silêncio.Por debaixo do pano. De tudo ,descobri a coragem. Mas até que ponto é válida? Não quero ser altruísta, não cabe entre dois essa doutrina unilateral.A minha essência está rabiscada em meus olhos, mas quem os enxergam?Teimam em dizer-te que para tudo existe um propósito. Disso é feita a vida, propósitos? Que cômodo pensar assim.Uma coisa é certa, a balança sempre esteve desigual. O lugar da gente é onde a gente é amado. De fato é um ciclo.Amor com amor se paga. Já não me pergunto se o tempo faz-se ingrato dentro de mim. Minha relação com o mesmo é frívola. Minha sede não passa. Quero mais. De peito aberto eu repito: quero mais. E assim entrelaçam-se os segundos exasperados. Onde estão os iguais a nós? Percorrendo as ruas não os encontro.Há uma ponta cortante de decepção entre o buscar e o não achar. Mas o que é mais desconcertante é que até as decepções passam, curam, esvanecem.
É tênue essa inquietação. Culpo-a por essa pressão entre o peito e a alma. A dor psíquica é infinitamente mais pertubadora. Está tudo aí. Em pratos limpos.Preto no branco. Sempre foi assim, tudo comigo.Eu que sempre acreditei cegamente no estar em dois, sofro por estar sempre em um. Amargo processo de elucidação dos fatos. (pausa para um chocolate)
Entre as opções desse moinho sempre percebo que quase todas nos impulsionam para frente. Acho que é inata essa força arredia. É um bônus para os momentos maiores.Nada em mim é latente. Tudo revela-se.Paga-se um preço mas é válido.Abra suas gavetas que as minhas estão sempre abertas.Acho doloroso essa franqueza de almas porém extremamente pertinente quando se quer ir além.
Assim como o medo que nos impõe limites, assim como a dor que nos determinam marcas, é o meu tolo argumento que me faz seguir. Com a vida não quero dívidas.Aqui se faz ,aqui se paga.Sendo assim, me calo. (Sérgio Roberto)

2.5.08

Vai saber

Destino?
Fujo dele
Nego-o
Quero ser feliz porra!
Estou pegando o rumo certo?
Vai saber
Sou errado
Inquieto
Inseguro
Sou torto
Sou ácido
Teimoso
Sal e doce
Sou tudo que queiram
E não queiram
Destino?
Aceito-o
Longe de mim
(Sérgio Roberto)
"A incompatibilidade se faz presente no atrito das vaidades opostas. " (Sérgio Roberto)

Depois


Culpa

"Nunca atenue sua culpa.Faz parte de uma vida intensamente vivida"(Henry David Thoreau)
"... tenho uma coisa apertada aqui no meu peito, um sufoco, uma sede, um peso, não me venha com essas história de atraiçoamos-todos-os-nossos-ideais, nunca tive porra de ideal nenhum, só queria era salvar a minha, veja só que coisa mais individualista elitista, capitalista, só queria ser feliz, cara." (Caio Ferando Abreu)
"Continuo a pensar que quando tudo parece sem saída, sempre se pode cantar. Por essa razão escrevo." (Caio Fernando Abreu)

1.5.08

Nercy (em vermelho) e Luiza (a de Jobim). Amo-a.

Se o mar ao mar se jogasse
Oceano vertical teríamos
Mas quem o quer assim?
Sem suas sereias aladas
Fugidias em calados cantos
Nem contos seriam
Sereias são eternas quase mulheres
Vertem solitárias — predispostas às verdades
São fluxos de águas quentes afogando o azul
Não são imunes ao beijo seu, beijo meu
Se calam, acasalam — enclausuram
Sintonia atemporal é cara, meu caro!
Essa construção sólida é, quando fortaleza
Tal qual duelo de águas em furioso ataque-defesa
Lança branda fere a dor, oferece a dança
Só que agora as sereias repousam
Eis o oceano deserto!
Resta a cauda cintilante
No mais... tudo nu
(Nercy Luiza Barbosa)
"Quem diria que viver ia dar nisso?" (Caio Fernando Abreu)

Lá fora toda uma vida.
Barulho de carro, chuva e sol se alternam descaradamente.
É outono! Não me dei conta disso. Não vi folhas no chão.
O outono vive entre o calor e o frio. Que ousada essa estação.
Lá dentro toda uma vontade de viver.
Barulho de coração ansioso, lágrimas e sorrisos se alternam descompassadamente.
É a solidão! Não me dei conta disso.
A rede laranja balança com o vento.
O telefone não faz mais barulho.
O cinzeiro sujo.
Música.
E eu.
Lá.(Sérgio Roberto)

Homossexualidade



"Só que homossexualidade não existe, nunca existiu. Existe sexualidade - voltada para um objeto qualquer de desejo. Que pode ou não ter genitália igual, e isso é detalhe. Mas não determina maior ou menor grau de moral ou integridade." (Caio Fernando Abreu)

Por que a vida levou Cazuza tão cedo?

Vida Louca Vida

"Vida louca vida
Vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve
Vida louca vida
Vida imensa
Ninguém vai nos perdoar
Nosso crime não compensa"... (Cazuza arrasando a vida)